De: António
Sérgio Mateus Elias
antoniosergioelias@gmail.com
O VELHO SOLITÁRIO – O conto que não conto
Eram sensivelmente
11h30m, do dia 25 de Abril de 1937, quando nascia o menino Joaquim. Nascendo no
único quarto de uma humilde casa, onde seus pais o recebiam, com toda a sua
humildade, com a alegria de ver a magia a acontecer, desejando através dos
olhos envolvidos de lágrimas, um futuro cheio de coisas boas.
A vida desta
família, foi sempre vivida com o esforço de ter, mesmo com as dificuldades da
vida, a harmonia, a felicidade e a união, sempre conseguida através do esforço
de todos os elementos, principalmente da mãe Maria e do pai Manuel.
Os anos
passavam e, com a velocidade um relâmpago, o pequeno Joaquim foi para a escola.
Com os seus 6 anos de idade, lá foi ele vestido com a roupa que Maria lhe
fazia, na sua velhinha Singer, pois o dinheiro era pouco e, foi sempre a forma
de estarem na vida, pois além de não terem rendimentos para comprar roupas
iguais a outras crianças, tinha o Joaquim, tudo aquilo que os outros não
tinham, FAMÍLIA UNIDA e riqueza humana.
Com o
decorrer do tempo, todas as barreiras da vida foram, por eles, ultrapassadas
com mais, ou menos dificuldade, até que o Joaquim chegou ao ensino superior.
Seus pais lutaram para o conseguirem, para poderem dar ao filho, tudo aquilo
que não tiveram para eles, sendo por isso uma grande luta, para tentarem,
finalmente sentirem o sabor de vitória.
Joaquim
entrou na Faculdade de Direito em Coimbra em 1956, a ansiedade era grande, no
entanto a certeza de conseguir esse desejo de ser advogado, esteve sempre
presente, porque o Joaquim sempre foi um aluno exemplar, mesmo pertencendo
aquela família que ajudava com gosto, para atingir o objetivo de todo o
agregado familiar.
Estava-se no
ano de 1958 e, uma contrariedade surgiu, seu pai Manuel, falecera, andava ele
no 2º ano de direito. A mãe Maria, ficou desamparada e sozinha, fazendo contas
à vida, como poderia ela, continuar a pagar os estudos ao seu filho. Joaquim,
sentindo e, tendo a consciência das dificuldades, pensou em desistir dos
estudos, pois não conseguiria ver sua mãe em tal situação. Proposta essa que
sua mãe não aceitou e, faria tudo o que estivesse ao seu alcance, para
conseguir ver seu filho formado e advogado, como a vitória que gostaria de
dedicar ao seu falecido marido.
Maria
dividiu-se em várias tarefas para o conseguir e, só mesmo com a sua força o ia
conseguindo.
Hoje, 25 de
Abril de 2012, Joaquim tem 75 anos e, recorda tudo o que passou até ao
presente. Recordou com lágrimas no rosto, seu pai, sua mãe que iria a falecer
no ano seguinte de sua formatura (conseguindo o seu objetivo de ver o filho
advogado). Tudo lhe passou pela cabeça, os bons, os menos bons e todos os
outros momentos de sua vida. Pensava: meus pais tudo fizeram por mim e, pensava
na falta de Estado na ajuda àqueles que tiveram tantas dificuldades para o
conseguirem, tendo sido sempre, cumpridores das suas obrigações, tanto como
pais, como cidadãos. Tinha a consciência dos tempos difíceis, onde a liberdade,
a democracia não existiam, para que de uma forma merecida, tivessem tido o
apoio que deveriam ter tido. Mas hoje, onde a democracia, a liberdade e tudo o
mais que se apregoa, Joaquim olha para o lado e o que vê? – Solidão completa.
No decorrer
da vida, Joaquim chegou a casar e ter a sua própria família, com dois filhos. A
mãe de sus filhos, morrera de acidente de viação, tendo Joaquim vivido sua
vida, com um esforço emocional muito grande. Devido à situação do País, seus
filhos emigraram, o mais novo está na Alemanha e, o mais velho nos Estados
Unidos.
Sua reforma,
não sendo das mais baixas, tinha sido cortada pelas medidas que se conhecem,
mas a solidão existia e a tristeza morava em seu coração.
Questionava-se
do papel do Estado! As dúvidas eram muitas, pois sentia que antes , a
justificação seria o regime, mas que sentiu os fortes laços de união,
transmitidos por Manuel e Maria, seus pais. Agora, depois de tantas
dificuldades, com outro regime, Joaquim sente, SOLIDÃO, continuando a ter
dificuldade em saber onde o Estado entra na participação social aos seus
constituintes.
Joaquim
chora, por seus filhos estarem longe, por seus pais, por recordar momentos, mas
igualmente chora por se sentir, SÓ.
FIM
Se o "nosso" Primeiro-Ministro lê este conto ainda vai chamar piegas a alguém.
ResponderEliminar:)
(Desconhecia esta tua veia. Força!)